Acho que não existe nada mais doloroso e profundo do que a solidão que um ser pode sentir!

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   Tudo aconteceu naquele dia. Enquanto trabalhava, ela recebeu um telefonema do seu noivo a convidá-la para irem jantar fora naquela noite. Este pedido foi uma espécie de pilha energética, que lhe deu forças para conseguir acabar aquele dia horrível de trabalho que estava a ter.

Após terminar todo o seu serviço, apressadamente, arranjou tempo para ir ao cabeleireiro e arranjar-se um pouco - algo que já há algum tempo não fazia. Mas, após um profundo pensamento, decidiu que aquele era o momento ideal para cuidar um pouco de si.

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    Ele, impaciente, olhando para o relógio que apontava as 20h30min, hora marcada para o jantar, decidiu ligar-lhe para ver se ela ainda demorava a chegar, pois já não conseguia mais esperar sem a ver.

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      Porém, o noivo não teve qualquer resposta, pois o telemóvel dela estava desligado. Começou a ficar muito preocupado, ligou à mãe da noiva, às amigas, mas ninguém sabia nada, apenas que ela tinha ido ao cabeleireiro e nada mais depois disso. Com isto, ele decidiu lá ir para ver se ainda a encontrava, mas…ela já lá não estava. A cabeleireira disse-lhe que já tinha saído há meia hora.

  

     É aqui que, Pedro, o noivo, volta a ligar à mãe de Ana, a noiva, que tal como as amigas de sua filha, ainda não sabia de nada. Depois pensou em ligar para a polícia e para os hospitais… e, infelizmente, é aqui que tem notícias dela. Ana ao sair do cabeleireiro, arranjada e bonita para ir ao encontro de Pedro, pegou no seu carro, muito entusiasmada. Contudo, numa interseção, houve um camião que se despistou, embatendo furiosamente contra o seu veículo.

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    O noivo, ao ouvir aquilo, não conseguia pensar racionalmente. Foi imediatamente para o hospital, sem saber o que tinha acontecido realmente à noiva, sem saber como reagir à situação ou o que fazer. Ao chegar lá, cruzou-se com os pais de Ana que também estavam a entrar no hospital. De seguida, um médico aproxima-se deles e, após perceber que eles eram a família da noiva, deu-lhes a triste notícia de que o coração dela não tinha aguentado aquele choque enorme com o camião.

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     Mais tarde, Pedro dirigiu-se para a casa onde estava a morar com Ana. Aquela foi a entrada mais amargurada, sofredora e lastimável de sempre. Quando se apercebeu de que nunca mais iria ver Ana a entrar naquela casa, nunca mais iria ouvir-lhe a voz, nunca mais iria sentir o cheiro dos seus cozinhados, caiu no chão, com um choro doloroso e interminável.

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     Naquele momento, nada fazia sentido para si, aquela casa, o seu quarto, a sua cama, ou como ela chamava “o seu ninho”, a sua vida…naquele instante, Pedro, sentiu que a sua vida estava acabada, que sem Ana, nada daquilo fazia sentido. Nunca iria ter a linda família que planearam, os dois filhos que sempre quiseram, e o casamento de sonho que ela tinha desde criança.

 

     Nada mais iria ser como outrora fora. Apenas tinha ficado um vazio, a dor, o sofrimento, a solidão…

 

                                                                                                           

                                                                                                                                                       15/01/2018